Ainda sobre pontos corridos

Um dos argumentos em defesa do sistema de pontos corridos seria a questão de justiça. Neste sistema, um time que terminasse 10 pontos na frente do segundo colocado poderia perder o título para o oitavo, que poderia estar a uns 20 pontos do líder.

O grande problema é que não faz realmente muito sentido ter um campeonato com jogos eliminatórios se na fase inicial todos se enfrentam. Se voltarmos no tempo, até o fim da década de 80, não havia essa idéia de injustiça pois os times eram divididos em grupos. Tanto em uma primeira quanto em uma segunda fase. O resultado era que a pontuação dos times não tinha tanto significado pois faziam jogos diferentes. Como acontece no futebol americano onde apenas os times dentro da mesma divisão fazem jogos contra os mesmos times, mesmo assim em 14 dos 16 jogos. Ou seja, um time que termina com 13 vitórias não necessariamente é melhor do que o que terminou com 10.

Se voltarmos no tempo e lembrarmos do brasileirão até o final da década de 80, tínhamos um modelo em grupos. Ninguém comparava a pontuação dos dois finalistas pois entendia-se que fiziam jogos contra adversários diferentes. 

Se fossemos adotar algo como o modelo americano, poderíamos até ter um campeonato com 32 times, desde que não precisassem enfrentar a todos! Poderiam ser divididos 4 grupos de 8; grupos que se manteriam eternamente para criar uma tradição e uma rivalidade dentro dos grupos. O time do grupo A faria jogos de ida e volta contra os adversários do mesmo grupo (14 jogos). Enfrentaria ainda todos os times de um outro grupo, por exemplo o B (8 jogos). Ficaria com um total de 22 jogos, bem menos do que o inchado 38 jogos que temos hoje.

Poderiam se classificar 3 de cada grupo. Por que não 4? Para que o campeão de cada grupo tenha o benefício de ficar uma rodada de bye. Assim evitaria um time se acomodar quando garantisse a classificação. O primeiro lugar colocaria o time direto nas quartas de final enquanto que os demais encarariam uma oitava de final. 

Rebaixamento? Só para alguns. Meu time nunca caiu, mas tenho a convicção que Palmeiras, Corinthians, Vasco e etc não tem nada que fazer em segundona. Com o aumento de times na série A, teria bastante espaço para os demais times disputarem vagas de rebaixamento. 

Bem, tudo isso é só especulação, mas ainda faço uma simulação para ver como fica!

 

E o Brasileirão vai chegando ao fim

Comparado com o campeonato do ano passado, não poderia ter sido pior. Praticamente está tudo decidido, o campeão, quem vai para a Libertadores, quem cai. Sobra apenas uma mísera vaga para as últimas duas rodadas, a ser disputada entre Sport e Náutico. Um final melancólico para um campeonato que vai sem deixar saudades, exceto para Fluminense, Atlético, Grêmio e São Paulo. E olhe lá.

Sempre fui um defensor dos pontos corridos, mesmo nos anos que o São Paulo ganhou com boa antecipação. Pelos menos as vagas para Libertadores e rebaixamento eram disputada até a última rodada. Nem isso tivemos este ano. Praticamente todos os jogos até o final do campeonato não valem rigorosamente nada.

Os pontos corridos são uma tradição nos campeonatos europeus. O problema é que estes campeonatos estão cada vez mais chatos e decididos com enorme antecipação. Até as baratas da Espanha sabem que o título já está nas mãos do Barcelona e nem chegou-se à metade do campeonato. Campeonato francês só francês consegue assistir, assim como o português. Quando muito temos uma disputa entre dois ou três times como o italiano, inglês ou alemão. Mesmo assim estamos falando de campeonatos do tamanho de nossos regionais. Que costumam ser mais emocionantes do que os europeus, com suas incontáveis rodadas. Qual o sentido do Barcelona fazer 38 jogos sendo que apenas no máximo 4 realmente importam?

E qual campeonato europeu desperta mais atenção no mundo inteiro? A Champions League! Essa sim, com emoção do início ao fim. E disputada no sistema de mata-a-mata, como a copa do mundo. Uma fase inicial de grupos e depois haja emoção, quem perder cai fora. 

Quando vejo as dimensões do Brasil, só vejo duas comparações possíveis. A Europa como um todo e os Estados Unidos. 

Na Europa, temos a champions. Sucesso absoluto. Mata-a-mata.

Nos Estados Unidos temos o futebol americano. Contraria tudo que se considera necessário para o sucesso de uma competição. O bom é no máximo 20 times? Lá tem 32. Todos contra todos? Lá cada time faz 16 jogos, enfrentando um total de 13 times diferentes. Tem que ter rebaixamento? Lá ficam todos; azar de quem está fora. Resultado: estádios completamente lotados em absolutamente todos os jogos.

Começo seriamente a me questionar se estamos com o melhor modelo ou se simplesmente copiamos um já decadente.

29ª Rodada do Brasileirão – os Destaques

Estes são os cinco destaques para a 29 rodada do brasileirão:

 Bahia x Fluminense

O jogo que reúne as duas melhores equipes do segundo turno. O Fluminense já começa a pensar em administrar sua vantagem, o Bahia se aproxima da salvação da degola, que na virada do turno parecia improvável. Está na hora do Fluminense perder mais uma. Vou de Bahia.

Vasco x São Paulo

O gol do Juninho no domingo tirou o doce da boca do tricolor, que dependeria de um único jogo para entrar no G4. O São Paulo vem mais consistente neste segundo turno do que o Vasco. Cravo um empate neste jogão.

 Corinthians x Flamengo

Ainda sem Cárceres, que faz uma falta danada para frágil defesa rubro-negra, o conflito das massas deve ser marcado pelo equilíbrio. Nenhuma das duas equipes jogou nada neste campeonato, mas o Flamengo tem mais interesse no jogo. Como é em São Paulo, fico com o empate.

 Palmeiras x Coritiba

Jogo de seis pontos. Ambos lutam desesperadamente contra o rebaixamento, mas esse ano só tem dado Palmeiras. Como deve ser agora. O “clássico” da parte debaixo da tabela.

 Internacional x Atlético MG

Quando se pensa que o Inter pode jogar finalmente o que se espera dele, o time não corresponde. O galo gastou gols demais no último jogo. Fico com uma vitória seca do Inter.