Felipão e o problema da ampliação indevida

Parece que está dando o que falar a afirmação do Felipão sobre a questão da pressão. Para fazer uma comparação, usou como exemplo o Banco do Brasil. O sindicato dos bancários comprou a briga argumentando que Felipão ofendeu a profissão.

Independente de ter razão ou não, o caso serve para exemplificar uma das táticas que Schopenhauer exemplificou como uso indevido da retórica em seu livro Dialética Erística. A melhor edição no Brasil é a comentada por Olavo de Carvalho que saiu com o título de Como Vencer um Debate sem Precisar ter Razão, que já resenhei em post no antigo blog.

Estou sem meu exemplar na mão para dizer qual o número da regra que foi exemplificada no caso Felipão, mas trata-se de “ampliação indevida”. Acontece uma ampliação indevida quando uma das partes amplia o conjunto a que a outra parte se refere e ataca este conjunto maior, quando na verdade tratava-se de um conjunto mais restrito.

Felipão referiu-se a trabalhar no Banco do Brasil e não em qualquer banco. Possivelmente estava usando o caráter público do banco para fazer sua comparação, usando a percepção que existe sobre o trabalho dos funcionários públicos. Talvez o BB tenha surgindo em sua mente sobre o constante envolvimento de seus membros em escândalos de corrupção que mostra o efeito nefasto do aparelhamento da instituição. Esta semana mesmo está em todos os jornais o caso do seu diretor de seguros, que teve um diploma forjado pelo MEC para poder exercer o cargo.

Querer dizer que Felipão se referiu aos bancários em geral é uma ampliação indevida, um exemplo de como vencer um debate sem precisar ter razão. Independente da razão do Felipão, não se pode atribuir o que não falou para atacá-lo. Infelizmente isso acontece a todo tempo no debate público, o que mostra a pobreza dos nossos debates.

Será que não encontram argumentos suficientes para mostrar que os bancários do Banco do Brasil trabalham sob pressão? 

Mais uma vez o fracasso sobe à cabeça

Agora é oficial, Felipão é o novo treinador da seleção brasileira. Há tempos que não mostra nada de significativo e já é tido com desatualizado, mas não importa, o que vale é o sentimento. Esqueçam bom futebol, modernização. A aposta é em transformar mata-mata em batalhas campais e chegar ao título.

Um prêmio ao fracasso.

Com as bençãos da poderosa, claro.

Tudo errado: Dilma tem que aprovar o técnico da seleção brasileira

Do blog do Bruno Voloch:

Luiz Felipe Scolari só não irá comandar a seleção brasileira se não quiser.

José Maria Marin já fez sua opção, considera Felipão com o perfil ideal e conta com o apoio de Dilma Rousseff e Aldo Rebelo, ministro do esporte.

Os dois, de maneira discreta, foram consultados e aprovaram o nome do técnico para comandar o Brasil na Copa de 2014.

 Em 1969, João Saldanha saiu da seleção brasileira por não aceitar interferências do então presidente Medici. Até hoje os idiotas da esquerda citam este fato como exemplo da truculência da ditadura. Interessante que esse mesmo regime militar tinha “aceitado” que o mesmo Saldanha, um comunista notório, fosse o treinador.

Não adianta, não há absolutamente nada que a esquerda tenha criticado do regime militar que não faça algo parecido agora. Parecido pois não tem a competência, nem a ética necessária, para copiar o que foi bem feito. O pior é que copiam os defeitos também, como a política econômica do governo Geisel, a chamada desenvolvimentista, e que gerou duas décadas perdidas quando se esgotou. Preparem o lombo por que a política de Dilma-Mantega vai deixar sua marca para o futuro próximo.

Assim temos um governo onisciente, que aprova até treinador de seleção brasileira. Isso é democracia? Nem um rei ousaria tanto! Estamos em um mal caminho e como dizia Chesterton, a democracia é uma pré-condição para a tirania.

Fica claro também como Mano Menezes foi parar na seleção, não é mesmo?

Scolari é uma escolha ruim. Todo o sonho de ver uma seleção jogando um bom futebol vai para o ralo; novamente se aposta no pragmatismo. A mesma que fizemos com o Parreira em 2006. A história se repete, já disse alguém. 

Como farsa.

E fica o registro: se ganharmos a Copa, e é possível, faremos um desserviço ao futebol. Mas o importante é ganhar, não é mesmo?

Caiu Mano Menezes

O assunto de hoje é a demissão de Mano Menezes da seleção brasileira. Nunca entrei muito nessa polêmica, nem fui dos que pediram sua cabeça por um simples motivo: desde que comecei a assistir futebol, no início da década de 80, nunca vi uma geração tão ruim do futebol brasileiro. Sempre que olhava as listas do Mano, e olhava quem ficou de fora, ficava com pena do treinador. Não tinha muita opção. Querer fazer da rejeição ao Fred algo semelhante à rejeição ao Romário em 1998 e 2002 é lembrar do adágio marxista de que a história se repete primeiro como tragédia e depois como farsa. O tricolor é matador, bom jogador de fato, mas craque? Capaz de desequilibrar?

Vejo a seleção, independente do treinador, quase sem chances para 2014. O motivo é simples: o que tinha em comum Maradona em 1986, Romário e Bebeto em 1994, Fidane em 1998, Rivaldo e Ronaldo em 2002? Todos tinham de 26 anos para cima; é o auge do jogador de futebol. O Pelé tinha 17 anos e encantou o mundo em 1958, mas tinha Didi comandando a equipe. Qual o jogador brasileiro nessa faixa etária arrebentando? Simplesmente nenhum. A copa de Neymar não é 2014.

Os jogadores que deveriam comandar esta seleção estão sem condições por diversos motivos: Kaká (contusões e banco), Ronaldinho (longe de seu auge), Adriano (perdendo para si mesmo) e Robinho (outro que caiu uma barbaridade). Essa era para ser a espinha dorsal da nossa seleção. Querer jogar essa responsabilidade para Neymar, Ganso, Lucas e Oscar é apostar no fracasso. Nada indica que conseguirão fazer o que Maradona, Zidane, Ronaldo, Romário e etc não conseguiram fazer. Podemos ganhar a copa? Até pode, como demonstrou o horroroso time da Itália de 2006, e não coloca a seleção espanhola de 2010 muito atrás. Em quatro jogos eliminatórios, tudo pode acontecer.

Não vejo nenhum treinador muito melhor que Mano para dirigir a seleção. Parece que vai ser o Felipão, que há tempos não apresenta nada descente.  E ainda vem com toda aquela palhaçada de família Felipão, como já fez antes e como tivemos que aturar com o Dunga (lembram da tragédia e farsa)? Aliás, meu reparo ao Marx é mais sobre a limitacão em duas repetições do que sobre a repetição em si.

Por fim, o próximo treinador tem uma tarefa bem facilitada, como tiveram Felipão e Parreira (em 1994). Terão sempre um trabalho que fracassou como comparação. É o melhor dos mundos. Se der certo, vira herói. Se não der, fica parecendo que ninguém poderia ter feito melhor. Fácil, não?

Em tempo

Mano Menezes já está no mercado. Quem vai levar? Já deve ter gente no Beira Rio coçando a carteira. E na Gávea tentando fazer alguma mágica com o dinheiro, que mais uma vez, não tem.

De novo favoritos!

Eu não sei com o que estava preocupado! Depois do show que a seleção deu ficou claro que já temos um time pronto para a Copa do Mundo! Agora é só retoques pois Neymar e cia mostraram que temos um autêntico carrossel, pronto para atropelar nossos adversários!

Trema Espanha! Trema Messi!

O Brasil está mais vivo do que nunca, jogando o fino! Mostramos contra o gigante da Ásia que não estamos para brincadeira!

Brasil! E tinha antipatriota torcendo contra!