Parece que está dando o que falar a afirmação do Felipão sobre a questão da pressão. Para fazer uma comparação, usou como exemplo o Banco do Brasil. O sindicato dos bancários comprou a briga argumentando que Felipão ofendeu a profissão.
Independente de ter razão ou não, o caso serve para exemplificar uma das táticas que Schopenhauer exemplificou como uso indevido da retórica em seu livro Dialética Erística. A melhor edição no Brasil é a comentada por Olavo de Carvalho que saiu com o título de Como Vencer um Debate sem Precisar ter Razão, que já resenhei em post no antigo blog.
Estou sem meu exemplar na mão para dizer qual o número da regra que foi exemplificada no caso Felipão, mas trata-se de “ampliação indevida”. Acontece uma ampliação indevida quando uma das partes amplia o conjunto a que a outra parte se refere e ataca este conjunto maior, quando na verdade tratava-se de um conjunto mais restrito.
Felipão referiu-se a trabalhar no Banco do Brasil e não em qualquer banco. Possivelmente estava usando o caráter público do banco para fazer sua comparação, usando a percepção que existe sobre o trabalho dos funcionários públicos. Talvez o BB tenha surgindo em sua mente sobre o constante envolvimento de seus membros em escândalos de corrupção que mostra o efeito nefasto do aparelhamento da instituição. Esta semana mesmo está em todos os jornais o caso do seu diretor de seguros, que teve um diploma forjado pelo MEC para poder exercer o cargo.
Querer dizer que Felipão se referiu aos bancários em geral é uma ampliação indevida, um exemplo de como vencer um debate sem precisar ter razão. Independente da razão do Felipão, não se pode atribuir o que não falou para atacá-lo. Infelizmente isso acontece a todo tempo no debate público, o que mostra a pobreza dos nossos debates.
Será que não encontram argumentos suficientes para mostrar que os bancários do Banco do Brasil trabalham sob pressão?